Celso Tracco
A gestão humanizada deve fazer parte da cultura da empresa, de seu modus operandi, perpassando por todos os níveis hierárquicos, a partir da alta direção até atingir todos os colaboradores. Não deve ser vista como um modismo. É uma nova forma de se encarar a vida profissional de uma empresa, envolvendo seus colaboradores diretos e todo o seu ecossistema operacional.
Neste contexto a gestão de Recursos Humanos deve ser vista como um centro de conhecimento do comportamento humano e ser um emissor de políticas e métodos de relacionamentos dentro do âmbito profissional, impactando todos os colaboradores. O RH deve exercer o papel, prioritariamente, de um órgão chave para a empresa atingir seus objetivos estratégicos, pois deve cuidar do recurso mais importante de qualquer empreendimento: o Ser Humano.
No mundo atual, globalizado e digitalizado, onde a enorme quantidade de informações nos chega freneticamente, temos a facilidade de interagir, com aquilo que nos interessa. É inegável que a internet popularizou a interação do leitor com o que está lendo e/ou com o autor da matéria. Isto possibilita que as pessoas, principalmente as mais pensantes e conectadas, quererem participar mais e mais das decisões que influenciam sua vida. Este comportamento também se dá no ambiente laboral, profissional.
A partir do crescimento exponencial da digitalização e da informática no âmbito empresarial, o mundo do trabalho, e em consequência a mão-de-obra, mudou e continuará mudando drasticamente, inclusive no Brasil. É cada vez mais intenso o uso de robôs, drones, IA e outros equipamentos eletrônicos em todo e qualquer tipo de atividade econômica, quer seja na cidade, no campo, na terra, no ar ou no mar.
Não há limites para o uso da eletrônica. É um caminho sem volta. Sem dúvida, a humanidade está enfrentando um enorme desafio: todo tipo de trabalho repetitivo, pode ser substituído por máquinas. Por outro lado, se as empresas empregarão menos pessoas, com melhor produtividade, a mão de obra empregada necessariamente deverá ter uma melhor qualificação, não apenas técnica, mas principalmente intelectual e emocional. Colaboradores mais qualificados são mais interativos, questionadores, tem opinião própria, tem bons conhecimentos gerais e bons argumentos. As competências emocionais dos colaboradores, seu perfil comportamental e de relacionamento serão determinantes para estarem adequados, felizes e realizados com o seu trabalho e com o seu ambiente de trabalho.
Uma gestão de pessoal humanizada fará toda a diferença para este perfil de profissional. Ele, por estar conectado, não estará inteirado “apenas” de seu ofício, mas preocupado com a preservação da natureza, com as condições de trabalho de todos, com a inclusão social, com o futuro do planeta. Uma gestão humanizada, necessariamente, extravasa os limites da empresa, não basta haver boas intenções, deve-se ter boas práticas empresariais e uma relação comercial transparente, propositiva e ética com todos os elementos do ecossistema da organização. O discurso deve ser efetivado na prática das ações empresariais.
A gestão humanizada deve começar pelo setor de Recursos Humanos, que deve deixar de ser, se ainda o é, cartorial, assistencial ou controlador. O RH deve ser parte fundamental dentro do plano estratégico da empresa. Cabe ao Recursos Humanos conhecer as competências emocionais dos colaboradores, seu perfil comportamental e seu grau de aptidão em relacionamentos profissionais. Com isso a organização empresarial, pode e deve potencializar as competências técnicas individuais de cada colaborador, possibilitando uma maior eficácia na elaboração de um trabalho em equipe, por exemplo.
O resultado de uma equipe de trabalho é a soma das contribuições técnicas e emocionais de cada participante. O departamento de Recursos Humanos, também deve ter a autonomia e a concordância da alta direção para organizar e realizar cursos, seminários, encontros, palestras sobre o tema da gestão humanizada.
Treinamentos adequados a cada setor da empresa e no tempo oportuno. É evidente que uma mudança de cultura empresarial não irá acontecer da noite para o dia. Será necessário muito esforço e dedicação, principalmente da alta direção para digamos, impregnar todos os níveis da empresa com a gestão humanizada. “Faça o que eu digo e não faça o que eu faço”, não cabe em uma comunidade humanizada. Uma boa e moderna gestão de Recursos Humanos, além de integrar, se não todos, a grande maioria dos colaboradores na realização dos objetivos estratégicos da empresa, deve contribuir para um ambiente profissional saudável, contributivo, socialmente inclusivo e colaborativo. Consequentemente, facilita a retenção de talentos na organização.
Para pessoas engajadas e não alienadas, tão importante quanto a remuneração é sua satisfação pessoal em se sentir realizado e contribuindo com o seu trabalho na realização das metas da empresa. A gestão humanizada é uma evolução dos recursos humanos, ela os vê sob uma nova perspectiva, como sendo fundamentais para o crescimento e a evolução dos negócios empresariais. A mão-de-obra deixa de ser vista como um centro de custo e passa a ser a mais importante fonte de investimento da empresa.